Situação Política, Social e Económica - Impactos na Saúde Mental
Portugal vive um momento político caracterizado por uma certa instabilidade, com constantes desafios relativos à governação, reformas e decisões sobre políticas públicas. O país tem enfrentado questões como a gestão da dívida pública, a reforma da Segurança Social e as tensões internas sobre a política fiscal. A polarização política também tem crescido, refletindo-se nas divisões sociais que afetam a coesão e o entendimento coletivo.
A sociedade portuguesa enfrenta desafios relacionados à desigualdade social, com crescente preocupação com a pobreza e a exclusão social. A crise habitacional, o aumento do custo de vida, as dificuldades em garantir acesso universal à saúde e educação de qualidade são temas recorrentes no debate público. Em paralelo, a falta de acesso a serviços sociais e de saúde mental de qualidade atinge especialmente as camadas mais vulneráveis, como as pessoas com baixa escolaridade, imigrantes e idosos.
Apesar de ter experimentado uma recuperação económica gradual, com crescimento moderado, redução do desemprego e aumento das exportações. A instabilidade económica global, as pressões inflacionárias e o aumento do custo de vida continuam a ser questões prementes, afetando particularmente as famílias com rendimentos mais baixos. A incerteza económica também tem gerado uma sensação de insegurança entre trabalhadores e empresários, que se veem frequentemente diante de dificuldades financeiras e de uma maior competição no mercado de trabalho.
Este cenário pode criar incertezas, gerando ansiedade e stress tanto na população em geral como no ambiente de trabalho.
Impactos na Saúde Mental:
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A instabilidade política pode aumentar o stress coletivo e a ansiedade social, principalmente entre as camadas da população que se sentem desprotegidas ou que percebem as políticas governamentais como prejudiciais aos seus direitos.
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A incerteza quanto a futuras reformas e/ou sucessivas alterações, contribuem para o aumento do ceticismo e desconfiança nas instituições públicas que por sua vez tendem a conduzir ao aumento de sentimentos de frustração e desânimo.
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Preocupações financeiras constantes e a insegurança laboral podem aumentar o stress crónico, resultando em transtornos de ansiedade e agravamento de problemas de saúde mental preexistentes.
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Stress financeiro decorrente da falta de recursos e da insegurança habitacional pode ser um fator significativo para o desenvolvimento de doenças mentais como a depressão e o transtorno de ansiedade generalizada.
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A desvalorização do trabalho e a crescente precarização do emprego (contratos temporários, trabalho a tempo parcial) são fatores que alimentam o sentimento de insegurança e de frustração.
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Desigualdades no acesso a serviços de saúde mental resultam em uma subutilização dos cuidados necessários, levando a crises mais graves e maiores dificuldades em lidar com problemas emocionais.
Propomos como Solução:
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Promoção de diálogos francos e construtivos entre diferentes espectros políticos e sociais, com o objetivo de criar soluções mais inclusivas e coesas, transmitindo segurança à população.
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Programas de apoio à resiliência emocional, que promovam a gestão do stress e da ansiedade provocados por questões políticas e sociais.
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Educação e sensibilização sobre a importância do diálogo e a contribuição do civismo para a manutenção da saúde mental coletiva.
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Campanhas de sensibilização sobre saúde mental, esvanecendo estigmas e incentivando a procura de ajuda antes que os problemas se agravem.
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Incentivo a modelos de trabalho mais flexíveis e equilibrados, como o teletrabalho e horários flexíveis, que permitam aos colaboradores gerir melhor a sua vida pessoal e profissional.
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Aumento do acesso a serviços de saúde mental no local de trabalho, com programas de literacia em saúde mental, apoio psicológico e ações preventivas para melhor gestão da saúde mental.
A situação política, social e económica em Portugal tem um impacto direto na saúde mental da população. A crescente instabilidade política, as desigualdades sociais e as pressões económicas resultam num aumento significativo de doenças mentais, como o stress crónico, depressão, ansiedade e Burnout. Podíamos também enunciar todos os impactos físicos inerentes a estas doenças mentais e constatar que a realidade dos departamentos de saúde mental nos hospitais e tempo de espera associado a uma consulta de saúde mental, nomeadamente psiquiatria, se refere no âmago a um problema socioeconómico estrutural.
No entanto, é possível mitigar esses impactos com políticas públicas mais inclusivas e focadas no bem-estar, programas de apoio psicológico acessíveis, e a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis e equilibrados. A nossa visão é que tendo qualquer medida pública impactos na saúde mental, esta deve ser inerente a todos os ministérios, nomeadamente projetando o impacto e formas de mitigação de cada medida emanada. O apoio a estas soluções pode contribuir para uma sociedade mais resiliente, capaz de lidar com as adversidades de uma forma mais saudável e sustentável.
A Associação Nacional para a Saúde Mental tem a experiência advinda de todo o trabalho desenvolvido na esfera pública, como a coautoria da nova lei de saúde mental ou o seu assento na comissão permanente de internamentos involuntários, assim como trabalho desenvolvido no setor privado ao nível da manutenção do bem-estar em organizações, tornando-a única em Portugal. A Associação entende a saúde mental como um vetor estratégico para o aumento da produtividade e desenvolvimento económico. Tais características, fazem da AlertaMente um parceiro estratégico com compromisso no setor público e privado.
Com uma equipa multidisciplinar desde policy-making à economia social, passando pelo marketing e tecnologia, à psicologia e várias áreas terapêuticas, a Associação tem uma atuação abrangente nas organizações, com métodos inovadores e resultados práticos.
Assumir a Saúde Mental nas organizações enquanto vetor estratégico na gestão, permite não só o crescimento económico como o torna sustentável, levando ao desenvolvimento.
JUNTE-SE A NÓS
Advoga por Melhor Saúde Mental no seu ambiente de trabalho, na sua comunidade, na sociedade? Quer que cada política laboral, económica e social tenha em conta o impacto na sua saúde mental? Quer que todos tenhamos o mesmo acesso a serviços de saúde mental? Quer que a saúde mental e bem-estar seja uma área considerada crucial e transversal a toda a sociedade, incluindo na sua rua, no seu município?