
Hoje é o Dia Mundial da Saúde Mental!
Bravo! Um dia por ano para nos lembrarmos que sim, respirar fundo e não estar sempre “no limite” era uma boa ideia.
Amanhã? Continuamos como sempre: salários baixos, preços nas alturas, horas de trabalho que arrasam, custos de vida que teimam em subir e apoio psicológico que parece artigo de luxo.
A saúde mental não cabe num único dia do calendário. Deveria ser todos os dias em escolas, nas empresas, nas políticas públicas e nas nossas conversas até que todos tivessem acesso condigno a esta.
Afinal, o que se passa?
Segundo a nossa visão na Associação, o problema ao nível da saúde mental em Portugal, parte essencialmente de uma condição económico-social que nos atira ao desespero e muitas das vezes a problemas ou doenças mentais, para a qual a estrutura hospitalar e clínica não tem resposta até porque o problema cresce todos os dias. Sem condição económica e social não há saúde mental, há o tratamento pontual das consequências do problema- a falta de saúde mental.
Portugal está numa "condição económica que manda bocados de stress para o prato do dia":
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O desemprego ronda os 6-7 % como taxa oficial, mas se contarmos subemprego, jovens fora do mercado de trabalho ou pessoas com contratos precários, a história é bem mais pesada. A taxa de desemprego situou-se em 6,1% e a taxa de subutilização do trabalho em 10,4% - Agosto de 2025 (INE)
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A produtividade do país é relativamente baixa comparada com muitos outros estados da UE, o que se traduz em salários baixos para muitos, mesmo trabalhando bastante. EURES- European Employment Services
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Mais de 2,25 milhões de pessoas em Portugal tinham em 2019 algum tipo de perturbação da saúde mental, cerca de 22 % da população, acima da média da UE, que é 16,7 %. OECD
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Estima-se que os custos totais associados aos problemas de saúde mental cheguem a cerca de 3,7 % do PIB (dados de estudos anteriores). Grande parte desse custo vem da produtividade perdida, trabalho não realizado ou pessoas que não conseguem contribuir plenamente. OECD
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O sistema de saúde mental “clínico” sofre com subinvestimento: há lacunas no acesso, sobretudo fora dos grandes centros urbanos. O modelo ainda muito dependente de hospitalizações, com poucos mecanismos comunitários e equipas multidisciplinares, e poucos recursos humanos especializados nos cuidados primários. OECD Economic Surveys
Conclusão (irónico ou não):
Não podemos apenas dedicar um dia para lembrar que precisamos cuidar da mente, se toda a estrutura económica, social e política empurra no sentido oposto. A saúde mental devia ser uma prioridade diária mas para isso, as condições materiais têm de deixar de ser inimigas do cuidado:
SAÚDE MENTAL O LUXO MAIS BÁSICO QUE AINDA FALTA.
#SaúdeMentalTodosOsDias #PortugalPrecisaDeMaisQueUmDia
JUNTE-SE A NÓS
Advoga por Melhor Saúde Mental no seu ambiente de trabalho, na sua comunidade, na sociedade? Quer que cada política laboral, económica e social tenha em conta o impacto na sua saúde mental? Quer que todos tenhamos o mesmo acesso a serviços de saúde mental? Quer que a saúde mental e bem-estar seja uma área considerada crucial e transversal a toda a sociedade, incluindo na sua rua, no seu município?


